Pressão arterial em tribo Xavante: comparação 15 anos depois

Abstract

Objetivo - Avaliar com intervalo de 15 anos a pressão arterial (PA), sua variação com a idade e a influência de novos costumes em índios de tribo Xavante do Estado de Mato Grosso. Métodos - Foram examinados em 1975, 50 índios que aceitaram participar do estudo, sendo 35 homens e 15 mulheres. A idade média dos homens era de 43 anos e das mulheres 31 anos. Em 1990 foram reexaminados 46 daqueles índios (2 não foram encontrados e 2 tinham falecido de câncer e pneumonia) e avaliados quanto a PA, hábitos alimentares, atividade física, tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas e organização social. Resultados - Nas duas ocasiões não foram encontrados indivíduos hipertensos. A pressão máxima encontrada foi de 140x90 em um índio de 70 anos, valor este que já havia sido detectado 15 anos antes. Entre as mulheres, o nível mais elevado foi de 130x60 em índia de 55 anos. As índias mantiveram níveis mais baixos de PA que os indios, em qualquer idade. A PA média teve discreta elevação, passando de 79,2 para 83,8mmHg entre os homens e de 75,7 para 77,0mmHg nas mulheres. Nesta tribo, o hábito de fumar esteve presente em 30%, o uso de bebidas alcoólicas continua raro, a atividade física permaneceu constante e a obesidade continuou ausente. Quanto à alimentação houve uma certa aproximação de seus hábitos aos do rurícola da região, com o uso regular de arroz e feijão. A adição de sal aos alimentos continua sendo praticamente nula. A competitividade é ainda traço não incorporado a sua cultura. Conclusão - Em populações “isoladas “, que mantêm seus traços culturais e hábitos de vida, a hipertensão arterial é bastante rara e a elevação desta com a idade ocorre de maneira discreta, sendo significativa apenas para a pressão sistólica.