TR - Dissertações de Mestrado

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    Comunicação intercultural em saúde: Subsídios para uma ação social em educação indígena
    (1989) Figueroa, Alba Lucy Giraldo; Santos, Yolanda Lhullier dos
    O estudo das representações, valores e práticas relativas aos fenômenos de saúde, doença e cura junto a um povo indígena é enfocado aqui como uma estratégia visando fundamentar propostas concretas que redundem na contenção e diminuição dos índices de sua morbi-mortalidade, no estímulo ao seu etno-desenvolvimento e na melhora dos serviços institucionais. Visamos, basicamente o campo da educação: aquela a ser promovida entre os índios ( com ênfase nos comportamentos preventivos e autogestionários) e aquela que deve compor a capacitação dos agentes institucionais. à procura de subsídios que embasem e reforcem a performance competente de ações educativas e assistenciais em andamento ou não, entre os Negarotê e demais grupos da família Nambiquara, do nordeste de Mato Grosso, este trabalho permite detectar os pontos de divergência e os de articulação possível entre a perspectiva da cultura indígena e as perspectivas geradas direta ou derivadamente das ciências da saúde. Igualmente procurar demonstrar a importância a viabilidade de uma autêntica comunicação entre o subsistema cultural indígena de saúde e serviço institucional a nível, não somente da interaçao entre seus agentes, mas também dos seus contextos, códigos, canais e mensagens
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    Kaingang. Um Estudo Etnobotânico: O uso das Plantas na Área Indígena Xapecó (Oeste de Santa Catarina)
    (1997) Haverroth, Moacir; Langdon, Esther Jean
    Pesquisa realizada na Área Indígena Xapecó, oeste de SC, investigando o uso e os sistemas de nomenclatura e classificação das plantas pelos Kaingang, especialmente as consideradas medicinais (vcnh-kagta). Como objetivos, destacam-se a investigação do(s) principio(s) que orientam a classificação Kaingang das plantas e os critérios seguidos para isso, o registro da nomenclatura e das categorias de classificação, levantamento, identificação e catalogação das plantas usadas como medicinais, análise de possíveis relações entre a categorização das plantas e as categorias kamõ e kanhru, referentes as duas metades clànicas Kaingang. Três sistemas particulares de classificação são percebidos, de acordo com diferentes critérios: morfo^ecológie©, utilitário e simbólico. A pesquisa de campo consistiu no acompanhamento sistemático e regular do trabalho de diversos especialistas em cura Kaingang e outras pessoas da Al. Foram registradas as nomenclaturas Kaingang e comum de quase duzentas plantas e dados sobre seu uso e propriedades. A nomenclatura denota características morfológicas e ecológicas das plantas e aspectos culturais do grupo relacionados ao uso das plantas para fins diversos, além dos significados simbólicos de certas espécies. O esquema de classificação morfo-ecológico apresenta três categorias mais abrangentes, em torno de 130 categorias de nível médio e cerca de 80 categorias mais específicas. A análise, sistematização e quantificação dessas categorias baseia-se nos tipos de lexemas que rotulam as plantas. O sistema utilitário obedece a dois princípios básicos: a finalidade ou objetivo a ser alcançado e segundo o beneficiário, cada princípio gerando uma série de categorias de plantas-remédio. O sistema simbólico categoriza as plantas segundo a cosmologia dual do grupo. A partir de um panorama da situação geral da AI, algumas questões são discutidas visando uma reflexão e busca de propostas para viabilizar melhoria das condições de vida na AI.
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    Estudo da correlação mercúrio-selênico em amostras de cabelos de índios Wari
    (2001) Campos, Mônica Soares de; Sarkis, Jorge Eduardo de Souza
    A determinação dos níveis de mercúrio no meio ambiente é importante devido à alta toxicidade apresentada, não somente pelo elemento, como por seus compostos. O mercúrio pode ser metilado, originando sua forma mais tóxica, o metilmercúrio, o qual sofre uma efetiva biomagnificação na biota. A presença do mercúrio na Região Amazônica é normalmente atribuída às atividades garimpeiras. Entretanto, recentes trabalhos realizados na Região reportaram níveis de mercúrio considerados altos em áreas distantes da influência dos garimpos. Estudos têm indicado que o selênio, um elemento essencial, pode exercer um efeito protetor contra os efeitos nocivos da contaminação por mercúrio. O principal objetivo deste trabalho é investigar a correlação entre mercúrio e selênio em amostras de cabelo de comunidades indígenas não relacionadas às atividades garimpeiras. Neste sentido, foram determinadas as concentrações de mercúrio e selênio em 22 amostras de índios Wari (Pacás Novos), residentes nas localidades de Doutor Tanajura e Deolinda, município de Guajará Mirim, estado de Rondônia. As análise foram realizadas por meio das técnicas de espectrometria de absorção atômica com geração de vapor frio e geração de hidretos com sistema de injeção em fluxo (FIA-CV-AAS e FIA-HG-AAS). A validação do procedimento analítico foi realizada utilizando-se o material certificado CRM 397 (Trace Elements in Human Hair), da Community Bureau of Reference (BCR), estudos de recuperação de analito adicionado, assim como avaliação das incertezas. As concentrações de mercúrio variaram entre 1,41 e 11,7 \xg g'^ (mediana de 5,43 |ig g"'). Estes valores encontram-se na mesma ordem de grandeza de estudos realizados com outras comunidades indígenas na Região, mas abaixo do valor de 50 ng g'^ associado pela Organização Mundial de Saúde (WHO) ao risco de 5% de dano neurológico em indivíduos adultos. As concentrações de selênio variaram entre 1,76 e 3,83 (xg g ' (mediana de 2,77 \ig g"^) e os valores não apresentaram grandes variações, como ocorreu com o mercúrio. Apesar de considerados normais, os valores obtidos são mais altos do que os encontrados em outras regiões. Foi observada uma correlação positiva entre a razão Hg/Se e concentração de Hg. Os valores da razão molar aproximam-se de 1 para baixas concentrações de mercúrio, fato que pode estar relacionado à formação do complexo {(Hg-Se)n}ni-Seleprotein P, o qual poderia diminuir a biodisponibilidade do mercúrio no organismo.
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    A formação do enfermeiro indígena: percepções dos discentes e docentes do curso de graduação – UFMT/SINOP
    (2013) Botelho, Micnéias Tatiana de Souza Lacerda; Secchi, Darci
    As transformações que ocorrem no mundo contemporâneo exigem que as universidades assumam novos desafios e apontem caminhos para atender às demandas sociais. A inclusão de estudantes indígenas nos cursos superiores representa um marco nessa nova relação entre a universidade e o cidadão. O presente trabalho discute o processo formativo de enfermeiros indígenas que integram o Programa de Inclusão Indígena - PROIND/UFMT em Sinop, com foco nas diferentes percepções acerca da sua formação acadêmica. O estudo integra a linha de pesquisa Movimentos Sociais, Política e Educação Popular do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT que mantém interlocuções com diferentes temáticas educacionais, dentre elas, os movimentos sociais, as relações raciais e as políticas públicas específicas. Ancorada nessa percepção investigativa, a coleta de dados que subsidiou a pesquisa deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas que procuraram identificar os elementos constitutivos da formação discente nas seguintes áreas temáticas: o aspecto conceitual da Ciência Enfermagem; a articulação da política institucional e governamental; o currículo do curso; o preparo docente e as práticas pedagógicas; e a interculturalidade. Os dados das entrevistas foram transcritos, agrupados por temáticas e analisados de forma a identificar as percepções dos docentes e estudantes indígenas. Os resultados obtidos indicam que a ciência da Enfermagem é percebida como “a ciência do cuidado voltado para seres humanos; uma ciência abrangente que envolve conhecimento científico, habilidade técnica e profissional.” Ao se referir à política institucional, os entrevistados consideram que a Universidade não está preparada para receber os estudantes indígenas, quer pelas limitações na formação dos docentes, quer pela percepção monoculturalista do currículo do curso que não atende às novas demandas sociais, culturais e profissionais dos povos indígenas da região. A formação docente, quer na graduação quer na pós-graduação, não aborda os múltiplos aspectos da diversidade que necessitariam ser considerados. O convívio intercultural não é pleno e, frequentemente, dificulta o desempenho dos estudantes indígenas. As respostas dos entrevistados indicam que o ‘exílio’ social e cultural intensifica as adversidades e resulta em comportamentos “retraídos”, o que influencia negativamente o seu processo formativo. Para superar esse quadro, os entrevistados apontam algumas medidas a serem tomadas, dentre as quais destacamos: a) que a Universidade forme profissionais com base em princípios educacionais, éticos e políticos que confrontem os valores hegemônicos da sociedade local; b) que os educadores considerem a dinâmica de aprendizagem dos alunos indígenas para auxiliálos no desenvolvimento de suas potencialidades; c) que a presença de indígenas nos cursos de graduação instigue a Universidade a se adequar à realidade atual, a desenvolver projetos pedagógicos abertos para a diversidade; d) que os diferentes programas que compõem as políticas públicas no campo da educação sejam mais bem difundidos e incorporados à comunidade universitária, como estratégia de consolidação, de respeito e atendimento efetivo às crescentes demandas das sociedades indígenas. A inclusão de estudantes indígenas nos cursos superiores supõe o repensar, o reinventar da relação entre o sistema educacional e o educando, pois já não são apenas os estudantes que precisam se preparar para a Universidade, ela também precisa se preparar para atender as demandas sociais e sua missão institucional.
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    Cuidado e conhecimento: o enfermeiro e a Educação Permanente em Saúde, Mato Grosso (2003 – 2010)
    (2015) Rojas, Fagner Luiz Lemes; Ferreira, Márcia dos Santos
    A dissertação apresenta uma investigação no campo da História da Educação. Sua discussão teórica faz interface entre saúde e educação, a partir da ideia da Educação Permanente e Educação Popular, destacando aspectos próximos ao da Educação Permanente na Saúde (EPS). A pesquisa objetivou expressar as apropriações da EPS a partir da perspectiva dos enfermeiros de Cuiabá, Mato Grosso. As interpretações basearam-se na análise documental e em depoimentos desses profissionais de saúde para a construção da análise situacional. Os documentos coletados pertencem ao acervo da Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso e da Comissão de Integração Ensino-Serviço Estadual (CIES), e, na esfera municipal, do acervo da Secretaria Municipal de Saúde da Capital. A pesquisa historiográfica possibilitou compreender a história política em torno da Educação Permanente e as repercussões dessa modalidade educativa discutida fortemente entre as décadas de 1960-1970, quando essa concepção educativa passou a ser adotada para qualificação de trabalhadores. Nesse período, o Brasil enfrentava discussões nos campos da educação e saúde que culminaram no movimento sanitário e na Reforma Sanitária, que alcançou repercussão nacional e foi determinante à abertura da discussão e posterior aprovação na Constituição Federal de 1988. Esses movimentos incentivaram a formulação de propostas que foram discutidas durante a VIII Conferência Nacional de Saúde e culminaram na aprovação das Leis n° 8.080/1990 e 8.142/1990 com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, no artigo n° 196, que saúde é direito de todos e dever do Estado, e, no artigo n° 200, que ao SUS competia a ordenação da formação dos seus próprios recursos humanos. Ambas as concepções ainda são fortemente debatidas na atualidade e enfrentam problemas quanto à sua implementação e ampliação. Foi neste contexto que surgiu a ideia da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, aprovada pela portaria MS/GM n° 198/2004 e substituída pela MS/GM n° 1.996/2007, ambas, com o propósito de promover a interlocução entre trabalhadores de saúde, docentes e pesquisadores das instituições de ensino, da gestão do sistema de saúde e da comunidade, utilizando os espaços de saúde como lugares propícios ao fortalecimento da cogestão e do ensino-aprendizagem. O estudo revelou a proximidade da PNEPS com a concepção político-educativa freireana de Educação Popular, na perspectiva de que os sujeitos se reconheçam e utilizem seus hábitos e manifestações culturais como elementos importantes no processo de auto-formação e cogestão para o fortalecimento do SUS. Em Mato Grosso, os enfermeiros foram convidados a falar sobre suas práticas, condições de trabalho, suas atividades de educação na saúde e os movimentos de articulação com a comunidade, destacando a força política emanada dessa geometria educacionalpedagógica agregadora de sujeitos e segmentos. Portanto, o estudo historiográfico possibilitou reconhecer expressões da EPS nas ações locais realizadas pelos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família e pela população do seu entorno, de forma a destacar as inovações que surgiram nesses contextos, enquanto capazes de modificar as práticas, identidades, concepções político-educativas dos sujeitos e seu cotidiano.
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    Diversidade e Sazonalidade de Anopheles sp. (Diptera: Culicidae) com ênfase na prevalência de malária em Roraima
    (2005) Barros, Fábio Saito M.; Vasconcelos, Simão Dias; Arruda, Mércia Eliane
    A malária representa grave problema mundial de saúde pública. Estima-se sua incidência em 400 milhões de casos anuais principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. Este projeto avaliou aspectos eco-epidemiológicos da malária em Roraima, onde há grande diversidade de ecossistemas naturais. Inicialmente é descrita a carta anofélica do estado, com 12 espécies identificadas e dos ecossistemas ocupados por elas. Em dois ecossistemas, floresta e savana, foram realizados testes imunológicos para determinar a prevalência de infecção em mosquitos adultos para identificar vetores locais. Uma área de estudo situa-se num projeto de assentamento na floresta tropical de alta transmissão de malária. A segunda encontra-se na beira da mata ciliar característica dos cursos hídricos da savana. Durante um ano, coletamos larvas e adultos de anofelinos, determinando e caracterizando criadouros potenciais; analisamos variações na densidade dos mosquitos, e estudamos a variação sazonal da idade das populações de mosquitos, duração do ciclo gonotrófico, capacidade de dispersão e horário de picada. Também calculamos curvas de sobrevivência e analisamos técnicas de determinação etária das espécies. Foi analisada a variação da distribuição das larvas ao longo do ano e sua resposta ao desmatamento. A prevalência de infecção em mosquitos adultos implicou An. albitarsis s.l., além de An. darlingi, como transmissor. As taxas de sobrevivência se correlacionaram bem com os registros da literatura, mesmo sendo estes discrepantes. Houve aumento da longevidade durante a estação seca na floresta, correlacionado com aumento da malária, e queda durante a época de chuvas. Houve diferenças na duração do ciclo gonotrófico de An. darlingi encontrado na floresta em comparação com o da savana. Formas imaturas de An. darlingi se agregaram próximo a residências, mas o desmatamento exerceu papel negativo sobre seus criadouros. Construções de reservas hídricas proporcionaram redutos para An. darlingi, permitindo sua sobrevivência durante a seca e transmissão de malária durante todo o ano, mas apenas nos seus arredores, devido à limitada dispersão da espécie em condições naturais. Observaram-se picos de densidade de An. darlingi e An. albitarsis s.l. no fim da estação seca, na floresta, e durante as chuvas, na savana. An. albitarsis s.l. na savana também apresentou aumento de densidade correlacionado com as chuvas. Esses dados foram correlacionados com os de densidade larvária e de paridade para criar um modelo de transmissão de malária distinto para dois locais com diferentes tipos de drenagem hídrica. Finalmente, descrevemos a ocorrência de um parasito de mosquitos sem relato prévio na América Latina, presumivelmente com efeitos deletérios sobre o desenvolvimento ovariano de fêmeas de An. darlingi
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    Nossa cultura é pequi, frutinha do mato: Um estudo sobre as práticas alimentares do povo Akwe
    (2011) Schmidt, Rosana; Silva, Joana Aparecida Fernandes
    Este trabalho teve como objetivo estudar as práticas alimentares Akwẽ e evidenciar suas relações com as regras sociais. Para discutir essa relação utilizou-se das visões de saúde (tratamentos e cura) e doença (causas de enfermidade) dos entrevistados para entender os preceitos que envolvem a alimentação e a cultura. Também foi necessário abordar as práticas alimentares atuais para entender as estratégias e os arranjos utilizados para obtenção de alimento no contexto de transformação. Recorro às informações colhidas durante o trabalho de campo realizado na aldeia Salto Kripre no Estado do Tocantins e também a outros trabalhos relacionados com a etnologia indígena e antropologia da alimentação. Foi possível observar a importância dos anciãos, das mulheres e dos xamãs no contexto de transformação das práticas alimentares e a par t ir disso perceber aspectos cognitivos e simbólicos relacionados com as regras sociais e a alimentação. Os capítulos proporcionaram a compreensão de coisas e pessoas pela via do alimento. O contexto atual da alimentação Akwẽ mediante situações de impactos e de projetos de desenvolvimento bem como a social idade do ponto de vista relacional interno e externo estão permeados de subjetivação.
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    Reflorestamento da Terra Indígena Sete de Setembro: uma mudança da percepção e da conduta do povo Paiter Suruí de Rondônia?
    (2013) Suruí, Chicoepab; Barreto Filho, Henyo Trindade; Nogueira, Mônica Celeida Rabelo
    O presente relatório apresenta os resultados de pesquisa realizada junto ao meu povo, Paiter Suruí, sobre o Projeto Pamine, um projeto que teve início em 2003 com o objetivo de reflorestar áreas degradadas e enriquecer áreas de floresta nativa da Terra Indígena Sete de Setembro, na fronteira dos estados de Rondônia e Mato Grosso. Pamine significa, na língua Paiter Suruí, renascer, o ato de refazer algo pela ação do homem. O nome foi escolhido para representar o processo de renascimento da floresta com a ajuda humana. Um renascimento não só das árvores plantadas pelo projeto, mas também da caça, das frutas, do meio ambiente, como era conhecido pelos Paiter Suruí, antes do desmatamento. A pesquisa teve como objetivo conhecer a percepção dos participantes do projeto Pamine sobre a importância do reflorestamento, as dificuldades enfrentadas e perspectivas futuras. A pesquisa também esteve atenta aos conflitos gerados na política interna dos Paiter Suruí, com críticas, resistências e ações contrárias ao projeto. As entrevistas realizadas com participantes do projeto revelam que o contato com a sociedade nacional trouxe grandes mudanças para vida dos Paiter Suruí. O fator principal da mudança foi o desmatamento, que trouxe a diminuição do território, inclusive extinguindo recursos naturais. Mas também mudou o uso da floresta entre os Paiter Suruí, pois a interação com a sociedade nacional levou à dependência econômica e, logo, à sua mercantilização, com o envolvimento dos Paiter Suruí na extração ilegal de madeira. Diante desse contexto, o reflorestamento tem permitido o resgate de outros sentidos atribuídos à floresta pelos Paiter Suruí e de sua importância para a saúde, a educação e a cultura, além de constituir-se em alternativa de renda, agora, em bases sustentáveis e de forma legal.
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    Possibilidades e limites do controle social no Conselho Distrital de Saúde Indígena - CONDISI Cuiabá
    (2016) Florentino, Silmara Andrade; Secchi, Darci
    O presente trabalho apresenta uma reflexão das possibilidades e limites do controle social no Conselho Distrital de Saúde Indígena Cuiabá (CONDISI), tendo como parâmetro as noções de controle social, colonialidade do poder, do ser e do saber. Os conselhos de saúde se tornaram mecanismos estratégicos para garantir a democratização do poder decisório no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. Esses espaços devem exercer um importante papel para a efetiva participação da população indígena na tomada de decisões em saúde, por isso, a relevância de uma reflexão mais sistemática acerca de sua atuação. É preciso avaliar os desafios encontrados e as possibilidades da presença ativa dos sujeitos na construção do processo democrático, ressaltando a necessidade de empoderamento e autonomia da população indígena usuária do Subsistema. Nessa conjuntura, o Distrito Sanitário Especial Indígena de Cuiabá pode ser visto como um espaço impar para o estímulo, empoderamento e autonomia, uma vez que propicia uma participação mais ativa na tomada de decisões acerca da saúde indígena. O estudo analisa as diferentes formas de expressão do modelo colonial na experiência do controle social por meio do Conselho Distrital de Saúde Indígena, tendo como protagonistas os usuários do Distrito Sanitário Especial de Cuiabá. Para desenvolver a pesquisa tida como um estudo de caso, utilizamos instrumentos como entrevistas, análise das atas das reuniões ordinárias e extraordinárias do CONDISI, portarias e resoluções que tratam do controle social, além de fontes bibliográficas e trabalhos acadêmicos relacionados ao Controle Social e à colonialidade. O estudo sugere que a perspectiva colonial ainda se expressa atualmente, o que dificulta o exercício efetivo do controle social assegurado pela legislação. Verificou-se que não bastam as leis e normatização infralegal, é preciso viabilizar as condições objetivas para o exercício da representatividade. A colonialidade do saber que caracteriza a modernidade, impõe o pensamento eurocêntrico e desconsidera os conhecimentos culturais indígenas, o que impede o controle colonial. Tal modelo, nega-se a dialogar de forma equitativa e dificulta a participação dos povos indígenas na adoção de um modelo operativo mais acessível aos interesses indígenas. Não obstante as dificuldades vivenciadas no quotidiano dos Conselhos, as sociedades indígenas os apoiam e os consideram um espaço importante para o exercício do controle social
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    Investigação etnobotânica na comunidade Guarani Mbya de Tekoa Pyau
    (2011) Galante, Luciana; Arruda, Rinaldo Sérgio Vieira
    Este estudo tem como objetivo analisar através de uma abordagem etnobotânica a relação que a comunidade Guarani de Tekoa Pyau estabelece com o ambiente, especificamente com o universo vegetal. Inseridos numa área reduzida e próxima a uma Unidade de Conservação, são muitas as especulações de que estariam privados de suas referências culturais e abandonando suas práticas. A Mata Atlântica, lugar ideal para se viver o nhandereko (modo de ser Guarani), é cheia de simbolismos que atrelados ao conhecimento refinado sobre seus recursos tem, para o povo Guarani, uma importância única. A sacralidade que os Guarani atribuem a certos vegetais nos leva a crer que longe de ser apenas uma reserva de recursos naturais a ser utilizada na cultura material, o Parque Estadual do Jaraguá adquire o status de acervo cultural , uma vez que muitas plantas e animais que lá circulam foram deixadas por Nhanderu (nosso pai) para que os Guarani pudessem sobreviver estando inclusive associados aos mitos de origem. A luta pela manutenção desses conhecimentos se faz através da educação tradicional em que a vivência, a oralidade, os mitos e os ritos possuem grande destaque. Além disso os Guarani buscam estabelecer um diálogo incansável com a nossa sociedade para que sejam ouvidos, compreendidos e tenham seus conhecimentos respeitados
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    Subsistema de Saúde Indígena: Alternativas Bioéticas de Respeito à Diferença
    (2012) Castellani, Mário Roberto; Montagner, Miguel Ângelo
    A implantação da política de atenção à saúde dos povos indígenas contribuiu para melhorar as condições de vida destas populações. Centrada no Subsistema de Saúde Indígena, a atenção diferenciada sofre críticas à sua continuidade. Utilizar o instrumental bioético na defesa das especificidades da saúde indígena motivou a realização desta dissertação. Baseada em metodologia de pesquisa qualitativa, por meio de estudo de caso, utilizando-se de análise documental numa perspectiva hermenêutica, o trabalho foi precedido por revisão bibliográfica. Procurou-se descrever os acontecimentos em uma linha histórica contextualizando saúde indígena e bioética. Constatou-se que desde o “descobrimento” os povos indígenas sofreram ataques aos seus territórios e à sua saúde. Esta situação modificou-se com a República e a transformação laica do Estado. Rondon, ao implantar linhas telegráficas, buscou modificar hábitos coloniais de agressão aos índios. A criação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), o aparecimento dos irmãos Villas Bôas e de Noel Nutels criador das unidades sanitárias aéreas, marcam as primeiras ações em saúde indígena. A criação da Funai teve consequências importantes, embora mantendo a política de tutela, dispunha de um setor específico para a saúde, com unidades volantes atuando nas aldeias. O ponto de inflexão para as políticas indigenistas e de saúde foi a Constituição de 1988. Na área de saúde, realizaram-se a histórica 8ª Conferência Nacional de Saúde e a 1ª Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio, em 1986. Nos anos 1990, com a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a bioética passou a integrar as políticas de saúde, vinculada às pesquisas. Disseminada a partir dos princípios de autonomia, beneficência, não maleficência e justiça, a bioética, nos anos 2000, transformou-se quando submetida à crítica por outras vertentes do pensamento, voltadas aos problemas sociais. Assim, com a realização do VI Congresso Mundial de Bioética, cuja temática foi “Bioética, Poder e Injustiça”, abriu-se caminho para a politização das questões bioéticas que culminaram na Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, da Unesco, em que a defesa da pluralidade e da diversidade cultural tem destaque. Com argumentos extraídos da Declaração e também de autores que trabalham com a perspectiva social e pluralista em bioética busca-se defender a atenção diferenciada em saúde indígena. A criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena, no Ministério da Saúde, contrariando resolução da IV Conferência Nacional de Saúde Indígena, indicam os riscos que corre o atendimento aos povos indígenas. A manutenção do Subsistema ganhou folego com a regulamentação da Lei nº 8.080, que cita a especificidade da atenção aos indígenas. Assim, para assegurar os benefícios alcançados com o Subsistema espera-se, com esta dissertação, apresentar argumentos para a construção de espaços dialógicos e plurais onde os segmentos interessados em saúde indígena desfrutem de instâncias de debate autênticas que assegurem políticas de saúde em bases bioéticas
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    Saúde reprodutiva das mulheres Akwe-Xerente: uma perspectiva intercultural
    (2014) Rodrigues, Kárita Segato; Silva, Joana A. Fernandes
    Este trabalho teve como objetivo acessar, compreender e interpretar a questão da saúde reprodutiva das mulheres Akwẽ-Xerente, considerando, sobretudo, o campo da saúde não em exclusiva perspectiva biomédica, mas, fundamentalmente, no âmbito sociocultural que o perpassa, verificando a existência de um momento de intersecionalidade entre o dito universal e o particular, apontando para uma perspectiva intercultural. Foi dada ênfase às questões da gestação, parto e puerpério das Akwẽ, considerando não só o acesso e o atendimento aos/ dos serviços de saúde, mas também as percepções e as particularidades desse Povo sobre esse assunto. Trata-se de uma pesquisa que utilizou do método etnográfico combinado a procedimentos qualitativos e que foi realizada na aldeia Salto Kripré na Terra Indígena Xerente-TO. Os resultados deste estudo poderão contribuir para melhorarem as ações de cuidado à saúde reprodutiva de mulheres indígenas, sobretudo das Akwẽ-Xerente, no sentido do respeito às suas especificidades.
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    Por onde o sangue circula: os Karitiana e a intervenção biomedica
    (2004) Velden, Felipe Ferreira Vander; Farage, Nádia
    Este trabalho aborda o conflito em torno de amostras genéticas recolhidas por pesquisadores biomédicos entre os Karitiana,povo de língua Tupi-Arikém em Rondônia. Busca compreender este encontro entre duas lógicas culturais distintas, a dos Karitiana e aquela que orienta os saberes e práticas das ciências biomédicas. Em 1996, dois pesquisadores denunciaram a comercialização de amostras de DNA e células dos Karitiana na página virtual da empresa norte-americana Coriell Cel. Desde então, múltiplos atores entraram no debate em torno dos caminhos seguidos pelas amostras: pesquisadores biomédicos, a imprensa, o governo brasileiro, organizações não governamentais e os próprios Karitiana. De um lado, a pesquisa procura mapear as trajetórias dos materiais biológicos da aldeia até a internet - considerando suas diferentes posições no campo científico e as interações deste.com outros campos, como a justiça e a imprensa - a fim de esclarecer alguns dos procedimentos que tornam possível a intervenção das ciências biomédicas sobre populações politicamente minorizadas. De outro lado, explora a memória Karitiana dos eventos de coleta de seu sangue, tendo como pano de fundo a centralidade do corpo e de suas substâncias para os Karitiana, bem como para as sociedades indígenas sul-americanas em geral, sugerindo que é em termos de uma anátomo-fisiologia que os Karitiana pensam sua história, especialmente aquela do contato
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    As resistências ao etnocídio na aldeia Tekoa Paranapuã
    (2020) Oliveira, Vinícius Duarte de; Imbrizi, Jaquelina Maria; Guimarães, Danilo Silva
    Em 2004, a comunidade da Aldeia Tekoa Paranapuã, situada em São Vicente, litoral do Estado de São Paulo, realizou a retomada de seu território sagrado. A reterritorialização indígena se fundamenta nas cosmologias dos povos Guarani Mbya e Tupi Guarani, que reconhecem a ocupação tradicional do território do Tekoa Paranapuã por seus ancestrais. Por conta da situação de litígio, na qual o Estado paulista é autor de uma ação civil pública que solicita a remoção da comunidade indígena do local, e do contexto de sobreposição territorial do Parque Estadual XixováJapuí, uma Unidade de Conservação, ocorrem violações de direitos e são impostas restrições ao modo de vida tradicional dos povos originários no território. Diante desta conjuntura, a presente dissertação tem por objetivo produzir uma reflexão crítica sobre a resistência da comunidade da Aldeia Tekoa Paranapuã ao etnocídio. Esta é uma pesquisa qualitativa de revisão bibliográfica. A fundamentação teórica produz o diálogo com um campo interdisciplinar, sobretudo com as áreas da psicanálise implicada, psicologia indígena, antropologia e dos estudos decoloniais. A resistência indígena possui múltiplas dimensões, sendo que a permanência no território é apontada como a principal luta da comunidade do Tekoa Paranapuã. Isto posto, produzi articulações com conceitos de racismo estrutural, etnocídio e dimensão sociopolítica do sofrimento, que são determinantes nos processos de sistemática violação de direitos, esbulho das terras indígenas e reprodução da colonialidade. As resistências da comunidade da Aldeia Tekoa Paranapuã ao etnocídio estão direcionadas a fortalecer o nhandereko, por meio do revigoramento do conhecimento ancestral e das práticas xamânicas, que sustentam a reterritorialização, permanência no tekoa e transmissão intergeracional da cosmovisão indígena. Esta pesquisa produz contribuições para a comunidade indígena e para os campos da interdisciplinaridade e psicologia, pois, aprofunda e amplia discussões no âmbito das relações interculturais e étnico-raciais sobre a resistência ao etnocídio
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    Povos indígenas e saúde mental: a luta pelo habitar sereno e confiado
    (2018) Sousa, Flaviana Rodrigues de; Guimarães, Danilo Silva
    Esta pesquisa empírica discute pontos de tensões emergidos no dialogo interétnico em torno das questões de saúde indígena, dando ênfase ao tema da saúde mental. As tensões foram analisadas segundo diferentes pontos de vista sobre a promoção da saúde indígena, identificadas a partir da produção de um mapeamento que expressa os conteúdos discursivos marcados por um grande divisor: de um lado a perspectiva ocidental, composta pelo Estado, compreendido através das Politicas Publicas de Saúde Indígena; do Sistema Único de Saúde e sua assistência à saúde; pelos Conselhos Federal e Regional de Psicologia e pela Organização Mundial da Saúde. Do outro lado esta a perspectiva dos indígenas, especialmente do povo Mbya Guarani, analisados com apoio da literatura antropológica, a partir da noção de Teko Pora (Bem Viver); dos noticiários produzidos e veiculados por coletivos indígenas; do conteúdo narrativo contido no documentário Teko Rexa - Saúde Guarani Mbya e dos discursos presentes nos noticiários produzidos por entidades indigenistas. As noções de saúde e saúde mental discutidas por Gadamer (2006), bem como as nocoes de saude e de ethos refletidas por de Figueiredo (2008), referencial teorico-metodológico assumido nesta dissertação fundamentam sobre a importância do território nos processos de saúde/doença para os povos indígenas, bem como auxiliam a refletir sobre as tensões presentes em ambas as perspectivas. Os dados foram analisados a partir da noção de multiplicação dialógica (Guimarães, 2013) no âmbito do construtivismo semiótico-cultural em psicologia. A partir da identificação de tensões presentes, foram levantadas questões a respeito de como estruturar o cuidado em psicologia, refletindo sobre as possibilidades de seu transito entre diferentes perspectivas em saúde
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    "A queda do céu": O pensar decolonial na obra de Kopenawa Yanomami (1990-2015)
    (2019) Souza, Karla Alessandra Alves de; Nazareno, Elias
    Este estudo expõe, por meio de uma pesquisa documental e de análise crítica, o livro A queda do céu: palavras de um xamã yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. O objetivo fundamental desta pesquisa foi compreender como o processo de escrita do livro se configura por meio da apropriação da escrita, percebida por Kopenawa como uma ferramenta de denúncia e compreendida por este estudo como uma desobediência epistêmica. Esta análise fundamentou-se nas perspectivas teóricas e metodológicas decoloniais. Nesse sentido, a partir da perspectiva do grupo Modernidade/Colonialidade, apresentamos este livro como um manifesto de descolonização dos conhecimentos indígenas e buscamos encontrar um trajeto que nos apresentasse alternativas metodológicas decoloniais. Desse modo, a metodologia aqui utilizada procurou desenvolver, pela análise crítica do livro A queda do céu e das entrevistas utilizadas, um espaço de conversação com Kopenawa. Nesse sentido, o percurso de análise que conduziu este trabalho foi pensado também a partir da história oral. Privilegiou-se Kopenawa, que apresenta a força de seu discurso, situado e fundamentado no xamanismo yanomami por meio da apropriação subversiva da escrita. Retratamos, assim, como o processo de desobediência epistêmica protagonizado por Kopenawa deu origem ao livro A queda do céu, reverberando, assim, no manifesto decolonial do povo indígena Yanomami
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    Quem são os humanos dos direitos? Sobre a criminalização do infanticídio indígena
    (2008) Holanda, Marianna Assunção Figueiredo
    O projeto de criminalização do que vinculou-se chamar “infanticídio indígena” é fruto de uma concepção hegemônica do que é vida, do que é ético e do que é humano, demarcando quem tem legitimidade para outorgar estas fronteiras. Contudo, os direitos indígenas, sobretudo o direito à diferença, só poderão ser garantidos por meio da superação do pensamento jurídico moderno e de sua ficção monista, que supõe o Estado como único produtor de juridicidade. Meu exercício etnográfico foi então de contrastar cosmologias – as ameríndias e o discurso político-jurídico do ocidente cristão – no intuito de compreender a perspectiva ameríndia deste aparente “infanticídio” e, de outro lado, elaborar como esta figura jurídica se construiu e solidificou como um crime no Estado de direito. O que está em jogo aqui é quem detém o poder de nomeação de humanidades e alteridades.
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    "Projeto é como branco trabalha; as lideranças que se virem para aprender e nos ensinar" : experiências dos povos indígenas do alto rio Negro
    (2006) Luciano, Gersem José dos Santos; Barreto Filho, Henyo Trindade
    Este trabalho é resultado de dois anos de inserção no Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília, no nível de Mestrado. É uma tentativa de organizar as principais idéias e práticas vividas dentro e fora da academia, consciente dos limites que um trabalho escrito deste gênero impõe, por sua finitude, à riqueza experimentada. Analiso as experiências das lideranças indígenas do alto rio Negro e, em particular, das lideranças baniwas, com projetos de etnodesenvolvimento denominados por eles de projetos de alternativas econômicas, que articulam diferentes campos de forças institucionais e atores sociais como índios, antropólogos, missionários, indigenistas, agências do governo brasileiro, organizações não-governamentais e agências multilaterais. Constato que os projetos, malgrado estarem orientados pelas noções reformistas de desenvolvimento desenvolvimento sustentável e etnodesenvolvimento -, estão longe de ser, aos olhos dos povos indígenas, o tipo desejado de intervenção, do ponto de vista conceitual e metodológico. Não obstante, eles representam possibilidades e oportunidades reais de recuperação de autoestima e visibilidade étnicas diante do mundo globalizado. Concluo que os projetos são uma forma de sair do confinamento cultural, econômico e político a que foram submetidos por séculos de devastadora dominação colonial, ao tempo em que representam também um processo de apropriação ativa e reativa dos instrumentos de poder do mundo globalizado em favor de seus direitos, desejos e projetos étnicos.
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    Bebendo entre amigos: um estudo antropológico sobre uso de bebidas alcoólicas na casa de apoio à saúde indígena de Roraima.
    (2013) Hermano, Brasilina Morais; Pellegrini, Marcos Antonio
    O presente trabalho é um estudo sobre o uso de bebidas alcoólicas pelos internos pacientes e acompanhantes indígenas na CASAI/RR. Assim, tem como objetivo conhecer os fatores que estão envolvidos no uso de bebidas alcoólicas e suas implicações na CASAI/RR. A base desse estudo está voltada para o Povo Yanomami. O estudo tem como metodologia a pesquisa etnográfica, que envolveu uma revisão bibliográfica sobre uso de álcool e uma leitura das principais etnografias. O referencial etnográfico utilizado de diversos estudos sobre os Yanomami entre eles Albert, Ramos, Ramirez, Smiljanic, Lizot, Pellegrini e outros. Na temática o uso de bebidas alcoólicas entre os povos indígenas, os estudos foram pautados em estudiosos como Langdon, Menendez, Oliveira, Souza, Garnelo entre outros. O trabalho de campo foi realizado a partir da observação participante e utilização de entrevistas não estruturadas, com pacientes e acompanhantes, profissionais de saúde e lideranças Yanomami. A partir destes estudos e da pesquisa de campo foi possível chegar a algumas conclusões como entender o sentido de beber para os Yanomami, os meios de aquisição da bebida alcoólica a partir do contato e hoje o consumo da bebida alcoólica na CASAI/RR. O entendimento sobre o papel da instituição CASAI/RR, na visão dos Yanomami, pode contribuir para fomentar o uso da bebida alcoólica. Além disso, outros fatores, de ordem institucional, foram identificados como preponderantes para as diversas carreiras do uso de bebidas alcoólicas e, consequentemente, desencadeadoras de situações de conflitos e violência prejudicial ao tratamento de saúde, aos quais estão submetidos, resultando inclusive em casos irreversíveis que levam a óbito.